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Caroline Silva Fraga

Autor: Caroline Silva Fraga

Se ligue: Você precisa aprender a usar humor no seu discurso

11/2/2019 - Votorantim - SP

Faça piada velha para público novo e piada nova para público velho.

                                                                                            Jô Soares

 

Olá,

 

O humor pode ser, sem dúvida, um recurso poderoso na oratória. Mas isso não é piada. O humor tem que ser usado cuidadosamente, e às vezes nem deve ser usado. Se você conseguir transmitir sua mensagem de forma divertida e agradável, ótimo. Mas se o humor for usado de modo constrangedor ou desagradável, pode causar sérios danos à sua apresentação.

Não é fácil saber quando o humor é adequado ou não, porque todo mundo parece se considerar especialista nesse assunto. É raro ouvirmos alguém falar: “Eu não tenho um bom senso de humor”. E é difícil provar que tal pessoa esteja errada, porque humor é algo absolutamente subjetivo. Se você disser que não vê graça em determinada comédia, trata-se de uma questão de opinião. Mesmo que todo mundo na sala esteja rindo de um filme, você pode dar de ombros e dizer que estão errados. Eles não têm bom gosto, mas você tem.

Em oratória, contudo, não importa se você acha que alguma coisa é engraçada. O que importa é o que a plateia acha. Assim, enquanto em teoria todo discurso pode se beneficiar de um elemento engraçado, na prática isso depende de vários fatores – e qual é o mais importante? Vamos responder essa pergunta com mais perguntas: você é engraçado? Consegue usar o humor com eficácia? Não é fácil encontrar respostas simples para essas questões. Você provavelmente já conheceu pessoas que não conseguiriam contar uma piada mesmo que sua vida dependesse disso. Ainda assim, essas pessoas podem ser engraçadas exatamente porque não conseguem ser engraçadas. Se uma afirmação generalizante pode ser feita a respeito do humor na oratória, é a seguinte: todo mundo pode usar o humor com eficiência uma vez que encontre o tipo de humor que combina com a sua personalidade e seu jeito de falar.

O começo do filme pode não ter nada engraçado, mas ainda assim as pessoas riem. Por quê? Bem, elas compraram ingressos para uma comédia, cujo objetivo é provocar o riso, então o público ri mesmo que nada engraçado esteja acontecendo. Ao compreender o que isso significa, você compreenderá algumas coisas importantes sobre humor. Você entenderá por que inserir humor em um discurso vai além de acrescentar um pouco de entretenimento. Na verdade, trata-se de atender a uma necessidade básica da plateia. As pessoas não apenas querem rir, elas precisam rir. Ajudá-las equivale a dar comida a uma pessoa faminta. Você não apenas tornou a vida delas mais fácil, você as ajudou a sobreviver. Como resultado, elas se tornarão mais receptivas à sua mensagem.

É frequentemente notado o fato de que os seres humanos são os únicos animais que riem. Mas de que nós rimos? Será possível fazer uma declaração generalizante sobre o que as pessoas acham engraçado? Ou vamos começar pelo mais simples. Você consegue dizer o que você acha engraçado de forma geral?

Então, da próxima vez que você ouvir uma plateia rindo, pergunte-se: “O que é tão engraçado?” Como já falamos, frequentemente a resposta é “nada”. O riso não acontece porque algo hilariante está acontecendo na tela ou no palco. Ele acontece porque a plateia precisa rir. Da mesma forma, se você vir cem pessoas jantando em um restaurante, pode significar que a comida ali seja ótima, mas, mesmo que não for, elas continuarão comendo porque precisam comer. As pessoas estão programadas para comer na hora do almoço ou do jantar, então é o que elas fazem. E mais: você pode conseguir que elas comam no seu restaurante mesmo que não sirva a melhor comida do mundo. Você só precisa se sintonizar com a necessidade de comer que está programada nelas e satisfazê-la de modo aceitável.

 


 

 O TALENTO PARA SER ENGRAÇADO NÃO É ESSENCIAL PARA SE USAR HUMOR EFICIENTEMENTE EM UMA APRESENTAÇÃO


 

 

Essencial é o desejo de ser engraçado e a habilidade de comunicar esse desejo aos seus espectadores. Se você pelo menos puder mostrar para sua plateia que quer fazê-la rir, ela continuará com você, porque, lembre-se, rir é algo de que ela necessita. A única forma de errar com o humor é se os espectadores não tiverem certeza da sua intenção.

Quando uma plateia está programada para rir ela se divertirá com suas palavras e ideias. Mas, se estiver programada para uma apresentação séria, nada conseguirá fazê-la rir. Ou ela não entende o que se espera dela ou vai se ressentir de que alguém que não acha engraçado está lhe pedindo para rir.

O humor não pode ser forçado nem se deve esperar atingi-lo. Ele vem naturalmente para quem tem habilidade, ou pelo menos parece que é assim. Se você a tiver, parabéns. Use-a sabiamente. Se não tiver, use o humor com cuidado e tenha certeza que algo é realmente engraçado antes de usar. Não brinque com uma das profissões mais difíceis do mundo – a de comediante stand-up.

Antes de incluir uma piada no seu discurso, pergunte-se: “Por que a estou contando?” Não é necessário haver uma piada na abertura do discurso. Nem comentários engraçados, a menos que tenham uma relação inteligente com o discurso que a plateia genuinamente apreciará.

Muitos oradores ineficientes dizem, após a introdução: “Isso me lembra de uma história..”., e então contam a história, que não tem a mais tênue relação com nada do que foi dito na introdução. Ele não se lembrou da história, mas apenas queria contar uma piada, e as pessoas na plateia percebem isso e começam a se remexer, pigarrear e a procurar onde fica a saída.

Esta é uma boa regra para se seguir: se você tiver qualquer dúvida, ou se tiver a mais tênue sensação de mal-estar sobre uma história, não a conte. Essa sensação de mal-estar é o seu subconsciente mais sábio tentando lhe dizer para esquecer.

Se o humor é um dos seus pontos fortes, você não precisa do meu conselho ou da minha ajuda. Mas, se não é, use-o moderadamente e com bom gosto. É maravilhoso quando o humor funciona. E é o oposto de maravilhoso quando falha.

Como apoio para isso, oradores experientes fazem, às vezes, um teste simples que você também pode utilizar.

Primeiro, certifique-se que a piada seja adequada à situação e engraçada para você. Se você achar que algo não é engraçado, não pode esperar que o público ache. Isso pode parecer tão básico que nem precisa ser mencionado, mas é impressionante quantos oradores ignoram essa premissa e acabam usando um material batido que nunca os faria rir, mas que parece seguro. Esse é um grande erro. Assim como um vendedor não deveria tentar vender um produto que não usaria, você não deve contar uma piada que não o faz rir.

Segundo, antes de empregar humor em um discurso, faça um teste com amigos ou um pequeno grupo de pessoas. Mesmo que sua experiência não dê certo de imediato, não desista rápido demais. O problema pode estar na apresentação. Pode demorar algum tempo para você se sentir à vontade com uma história. Você deve usar humor em um discurso só depois de conseguir fazê-lo com tranquilidade e após testá-lo várias vezes.

Terceiro, tenha certeza que o humor está relacionado com o conteúdo da sua apresentação. Humor não deve ser um fim em si mesmo. Fazer sua plateia rir é uma coisa boa, mas não é a razão pela qual você está diante dela. Se não amarrar o humor com o assunto principal, o público pode até rir, mas vai ficar se perguntando o que você está querendo dizer.

Finalmente, tome cuidado para que o humor não domine sua identidade atrás da piada. Você quer ser conhecido como orador de alto impacto, não como comediante. O humor deve ser um dos muitos elementos com que você constrói suas apresentações. Se a sua personalidade de orador for dominada pelo elemento cômico, a plateia pode ter dificuldade para confiar em você quando abordar um assunto sério.

Essas são regras gerais, e o tipo específico de humor que você deve usar dependerá do seu estilo de oratória. Você se sente mais confortável com ironias sutis e sorrisos ou prefere buscar grandes gargalhadas? Ou, se você é como muitas pessoas, talvez ainda não saiba qual tipo de humor combina melhor com seu estilo pessoal.

O humor tem muitos recursos. Talvez você nunca tenha parado para analisá-los – você apenas ria quando achava que algo era engraçado. Mas conseguindo enxergar as categorias do humor e compreendendo quais são mais próximas do seu estilo pessoal, você aumentará sua capacidade de fazer os outros rirem.

A boa apresentação depende da sua capacidade de lidar com material cômico da melhor forma possível. Quantas vezes você ouviu uma pessoa contar uma anedota longa, complicada, para engolir o final e arruinar a história? A mesma coisa pode acontecer com uma piada curta ou até mesmo com uma tirada.

Piadas e anedotas são apenas a matéria-prima. Elas precisam ser trabalhadas para se encaixarem com perfeição na sua fala. E, o mais importante, elas têm que ser pertinentes ao sentido geral da sua apresentação. Seu humor não pode ser um fim em si mesmo. Ele tem que reforçar o motivo pelo qual você está na frente da plateia, e sua apresentação tem que mostrar que compreende isso.

Na verdade, qualquer um pode fazê-lo”. Isso é verdade, mas até mesmo contar uma piada simples requer certa habilidade. Ritmo, entonação e pausas são elementos críticos que podem fazer o humor decolar ou afundar, e dominá-los em uma história específica exige tentativa e erro. Então, não arrisque seu humor diante de uma plateia cheia antes de ter certeza de que conseguirá apresentá-lo bem, baseado em numerosos ensaios. Depois que você tiver testado com sucesso seu material cômico em uma apresentação, use-o novamente, com a maior frequência possível, e varie a ênfase dada as palavras.

 

Até breve,

Rumo ao sucesso!!

 

Blog pessoal: www.phvoz.com

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