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Thiane Ávila

Autor: Thiane Ávila

Ressignificar

15/1/2018 - Votorantim - SP

Os sentidos não se repetem, as horas não voltam e as últimas dores são sempre as piores. Os momentos passam, as pessoas surgem e as emoções sempre surpreendem. O eterno não existe, a intuição merece crédito e a paciência nem sempre equivale à calma. O corpo reclama pela mente, a responsabilidade afetiva é uma demonstração de empatia e a família a qual pertencemos somos nós que escolhemos.

Nossas escolhas nem sempre redigem quem somos, o arrependimento é uma grande prova de força e quem nos rodeia diz muito sobre quem nós somos. Não é vergonha mudar de opinião, crescer é ressignificar e nem todo o amor dura pra sempre. Apaixonar-se é uma das melhores coisas da vida, dizer não é preciso e manter-se perto por obrigação é uma mentira que criamos baseados na premissa de que quem quer não desiste nunca.

Todos os dias de um ano não significam aprendizado, mas todo o aprendizado é tirado das experiências vividas no dia a dia. Hoje, permitindo que a energia das águas traga a ressonância de uma mensagem que talvez não se decodifique nesse texto, resplandeço apenas pela vontade de dizer. Pela ternura que a dúvida sobre ser ou estar provoca nos pensamentos de quem não busca sempre entender, mas sentir para experienciar.

O tempo é algo que beira à arrogância. Os ciclos coletivos, em alguns momentos, parecem analogias de uma história que sempre se repete. Com atores diferentes, com protagonismos únicos. Nos últimos anos, deixei para trás pessoas, lugares e vícios. Numa batalha constante a favor da saúde psicológica, adquiri capacidades importantes, mas também defeitos que viraram metas para não me acompanharem mais. Não são promessas, mas vontades. Não são certezas, mas aproximações do que, hoje, parece ser o melhor.

A poesia, conto a vocês agora, é minha máquina do tempo. Incrivelmente aberta a todos os exploradores, mas que consegue incitar apenas alguns poucos. Queria eu poder receitar poemas de cura aos corações apertados, pois sei que o que falta, na maioria das vezes, é o olhar despretensioso e livre de significados que um poema é capaz de dar. Por isso, se pudesse desejar qualquer coisa a quem me lê, desejaria poemas, pois funciona como um vale-presente, só que com um diferencial impossível de ser superado: não vale nada, só significa.

 

THIANE ÁVILA.

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