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Ozeni Ramos

Autor: Ozeni Ramos

Projeções de Vida

23/7/2017 - Votorantim - SP

Uma Visão Míope da Realidade

 

O termo Projeção foi popularizado na linguagem cotidiana há tempos, por sinal, um pouco banalizado dentre os leigos. É um tema extenso e profundo, foi desenvolvido pelo psicanalista Sigmund Freud. Ora, ora, não vamos falar sobre Psicanálise, ou sobre Freud.

Vamos explorar esse tema com foco nos anseios que os indivíduos têm, sobre os pilares de suas decisões e propósitos de vida, como buscam a estimada felicidade.

 

Seus ideais são SEUS ideais?

Ou, seus ideais são ideias de terceiros?

 

Grande parte das pessoas quando são questionadas sobre seu ideal de vida, descrevem coisas tangíveis, rituais sociais e frases como “quero ser feliz”. Bem, não há problema algum com essas respostas, o problema está quando perguntamos o real motivo pelo anseio de tais coisas, ou situação, a resposta quase sempre é: isso é o certo, todos fazem assim, são os meus valores...

Isso ocorre por conta das visões e desejos que estão inseridos na mente das pessoas, assim, elas tendem a desejar o que é popular e normal. Os comportamentos e ações dos indivíduos assemelham-se as ações e comportamentos que eles conhecem de seu passado vetusto[1].

Existe uma visão estreita, míope, a respeito da vontade e capacidade do sujeito, ele vive em uma espécie de efeito manada, é manipulado por conceitos e crenças que estão “parafusadas” em sua mente, felizmente, algumas poucas crenças são benéficas.

Somos treinados primeiramente pelos nossos cuidadores, eles nos impõem seus valores, suas limitações, nos ensinam suas habilidades, e nos envolvem em uma bagagem emocional que é apenas deles. Logo, somos afetados em vários níveis por esses conteúdos, por sermos crianças, ainda não temos bom senso para lidar com toda essa gama de estímulos.

Vamos para a escola e somos doutrinados mais um pouco, pelos nossos professores, e pela influência de nossos colegas. Por conseguinte, na adolescência, buscamos do lado de fora algo que seja o oposto de tudo que conhecemos até o momento. Sem demora, nos apaixonamos por ídolos, eles podem ser um amigo, um artista, um esporte, uma ideologia de vida, vícios.

Mas, somente quando nos tornamos adultos, temos que abrir nossa mala de viagem, e jogar fora alguns itens, notamos que é preciso “comprar” novos comportamentos, e investir em um longo bacharelado, chamado de vida de adulto.

Não, você não é vítima do meio ambiente, da sociedade, dos seus pais, é preciso aprender a lidar consigo mesmo, pois, ninguém te ensinou como fazer isso. Lembre-se, você não trouxe manual de instrução quando chegou à casa de seus pais.

Melhor seria se ensinado nas escolas sobre a importância do autoconhecimento e alinhamento de emoções, no entanto (raras são as que se ocupam com um formato de educação holística e menos adestradora de crianças e adolescentes).

O autoconhecimento, citado acima, é similar a famosa expressão “inteligência emocional” tão popularizada nos meios de comunicação, que na verdade, significa equilíbrio emocional, algo que pode ser conquistado com conhecimento e prática. O equilíbrio emocional é o protagonista da saúde psíquica.

O assunto é explorado pelos poucos que descobriram que a plena realização de suas vidas, só ocorrerá quando comandarem os seus esquemas emocionais, isto é, quando dirigirem sua mente e por consequência seu próprio corpo.

Em todas as fases da vida, em maior ou menor grau, somos compelidos a expressar nossas competências, mostrar nosso valor, exibir resultados a um nível quantitativo para a sociedade.

O individuo corre atrás de algo que lhe dê respostas prontas para os seus impasses. Ele busca essas respostas de inúmeras formas, em religiões, terapias, no meio social, e tudo mais que conhecemos por aí. As formas de buscar respostas e caminhos são bem diversificadas, singular a cada indivíduo, e não existe certo ou errado.

Os que dizem ter encontrado respostas, simplesmente aprenderam uma forma de lidar consigo mesmo. Esses indivíduos transformam-se, e conseguem expor uma melhor versão de si dentro do contexto em que estão inseridos.

Denominamos essas pessoas de bem sucedidas, são aquelas figuras que conseguiram maior destaque em campos de suas vidas, e consequentemente uma melhor projeção de vida onde coabitam.

Em vista disso, a projeção de vida se estabelece dentro de uma estreita relação: quem somos, nossos reais potencias, o que nos satisfaz, versus o que a sociedade espera de nós, e o que nossa personalidade (moldada pelo corpo social) quer aparentar ser para o ambiente externo.

Lidar com essa dubiedade é algo complexo, mas, perfeitamente possível, essa questão na verdade tem base no medo, uma das sensações mais dramáticas que existe, ele pode funcionar como um remédio tóxico em nossas vidas, sim, o medo...

Falaremos sobre isso em breve!

 

[1] Velho, antigo, ultrapassado, obsoleto.

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