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Thiane Ávila

Autor: Thiane Ávila

A rejeição é para os fortes

6/11/2015 - Votorantim - SP

O sentimento de rejeição é algo que nasce com a gente e perdura até os últimos instantes. Não há como se desfazer da sina de rejeitar e ser rejeitado. De ser liquidado apenas com um silêncio que, em nosso peito, grita por barulho. A resposta que precisamos tão somente para ter a certeza de que não estamos sozinhos – mesmo sabendo que sempre estaremos.

Somos liquidados dia a dia com a espera infernal de um bom dia enviado ao acordar. Afogamo-nos nas próprias expectativas, enferrujamos as engrenagens do peito com a falta de óleo que desejamos que seja suprida por uma só pessoa.  Todos haveremos de rejeitar e ser rejeitados. A rejeição é para os fortes, dói como a verdade, mas aceitá-la é libertar-se.

Quando enviamos a famigerada mensagem no celular, aquela que ocupa dois segundos de nosso dia, mas mais da metade do nosso coração e nosso tempo-emocional-útil, ficamos abalados com a espera. Tantas vezes já esperei dias por um simples bom dia retribuído. Dói não ter as expectativas atingidas. Às vezes, contudo, trata-se tão somente de exercitar a tolerância em consonância com a aceitação da rejeição. É entender que quem rejeita tem coisas mais importantes a fazer do que responder às minhas expectativas. Sou fraca ao fazer apostas comigo mesma e esperar a vitória através da iniciativa do outro. Ninguém tem culpa de minhas vontades.

Não. Um dia alguém vai fazer esperarmos mais do que merecemos. Vai demorar uma vida para responder uma simples mensagem. Um dia, seremos nós a rejeitar, a tratar com a intensidade distorcida, a não amar aquele que nos ama. A via é de mão dupla. A inciativa injusta também acomete o injustiçado.

E quando, pois, o sentimento frio da rejeição vier, é hora de caprichar no amor próprio. Hora sorrir para o espelho não como uma forma de autoafirmar-se nem de procurar algo perdido por entre o desprezo, mas para notar que a vida ainda está ali. Ser rejeitado dói como murro na boca do estômago. Arde como sentar em cima de um formigueiro bem habitado. Incita as lágrimas como um golpe no nariz no meio da brincadeira. Vem do nada, pisoteando nossa vontade de dar e receber atenção.

Amor não correspondido não é sinal de que o amor não vale a pena, mas que o ser amado está em outro lugar que a gente ainda não sabe onde fica. E procurar é inútil. Viver é a circunstância. Amar é o antídoto. A rejeição faz parte do dar valor. 

 

THIANE ÁVILA.

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